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O Poema Ensina a Cair

O Poema Ensina a Cair

Raquel Marinho

Perseguindo a ideia de Lawrence Ferlinghetti - "a poesia é a distância mais curta entre duas pessoas" - esperamos, através das escolhas poéticas dos nossos convidados, ficar mais perto deles e conhecê-los melhor. Usamos o verso de Luiza Neto Jorge “O Poema Ensina a Cair” para dar título a este podcast sobre os poemas da vida dos nossos convidados. Um projecto da autoria de Raquel Marinho. "Melhor podcast de Arte e Cultura" pelo Podes 2021 - Festival de Podcasts.

203 - Luísa Freire: "Escrever poesia é um recolhimento para fora."
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  • 203 - Luísa Freire: "Escrever poesia é um recolhimento para fora."

    Luísa Freire nasceu em Castelo Branco, em 1933. É licenciada em Filologia Germânica e mestre em Literaturas Comparadas pela Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade de Lisboa, a mesma onde integrou o Instituto de Estudos sobre o Modernismo, e onde investigou a obra pessoana, sobretudo a poesia inglesa de Fernando Pessoa, que publicou e traduziu. Publicou este ano Atravessar o Frio, o primeiro de 2 volumes de poesia inédita, pela Assírio & Alvim.

    Considera que escrever poesia é uma forma de se conhecer melhor, de pensar as coisas, e sente-se "absolutamente filha de Álvaro de Campos", heterónimo de Fernando Pessoa.

    Além de continuar a escrever poesia, continua a pintar. Para Luísa Freira "a poesia é uma forma de poema" e quando pinta sente que está a escrever.


    Poemas:

    Álvaro de Campos/ Fernando Pessoa: Não estou pensando em nada

    Bashô: Nada a sugerir

    Buson: De pé, em silêncio –

    Issa Kobayashi: Floresce a ameixeira:

    Shiki: Aqui e ali

    Sophia de Mello Breyner Andresen: Movimento

    António Ramos Rosa: As palavras dizem os arcos do mar

    Eugénio de Andrade: No teu ombro respiro

    Albano Martins: Crepúsculo de Agosto

    Carlos de Oliveira: Espaço/ para caírem/ gotas de água

    Fernando Guimarães: Vens de longe. Mais perto de ti encontras

    Pedro Tamen: Suspendo a mão entre o A e o B,

    Gastão Cruz: Variação

    Fri, 08 Nov 2024 - 1h 27min
  • 202 - Carlos Vaz Marques (II):"O Cesariny é uma figura que teve importância na minha imaginação, na relação com a poesia, ao ponto de eu ter tido um cão chamado Cesariny."

    Segunda parte da conversa com Carlos Vaz Marques, jornalista, editor e tradutor.

    Conversamos sobre alguns dos poemas de que mais gosta, e reflectimos sobre os que os poemas sugerem. Por exemplo, a ideia de cair ou não "verticalmente no vício" de que fala Mário Cesariny, ou a ideia de entrar ou não resignado "nessa noite tranquila", de que nos fala Dylan Thomas.

    Para livro de não poesia, o nosso convidado escolheu o Livro do Desassossego, e até sugeriu uma espécie de jogo que cada um de nós pode fazer on-line, para criar a sua própria edição deste livro de Fernando Pessoa.


    Poemas segunda parte:

    Camilo Pessanha - Singra o navio

    Álvaro de Campos - Olha, Daisy, quando eu morrer

    Cesário Verde – De Tarde

    Mário Cesariny – Pastelaria

    Não Entres Resignado Nessa Noite Tranquila, de Dylan Thomas (tradução de Carlos Vaz Marques)


    Livro:

    Livro do Desassossego

    Fri, 01 Nov 2024 - 1h 14min
  • 201 - Carlos Vaz Marques (I): "A poesia está no início. Eu acho que a seguir aos livros de aventuras da infância, aquilo que me motivou durante mais tempo na adolescência foi descobrir poetas e poesia."

    Carlos Vaz Marques, 60 anos, vem dizendo que ganha a vida a fazer perguntas, mas hoje em dia, além de jornalista, é também editor e tradutor.

    Estudou Línguas e Literaturas Modernas, foi professor durante 2 anos, trabalhou na Rádio universidade Tejo, no JL, no semanário O Jornal, e na TSF durante muitos anos, rádio onde criou esse espaço de entrevistas chamado Pessoal e Transmissível, o programa de comentário cujo nome está impedido de dizer e que permanece até hoje, e um programa diário de sugestões de leitura chamado Livro do Dia.

    Na primeira parte desta conversa, dá-nos conta de alguns dos poemas de que mais gosta, do primeiro encontro com a poesia através das palavras do avô materno que sabia o Canto IX dos Lusíadas de cor, das primeiras leituras de ficção com os livros de Enid Blyton, da forma curiosa que escolheu para se relacionar com o mundo: "Há duas formas de nos relacionarmos com o mundo. Uma é esperar que o mundo venha ter connosco, outra é irmos ao encontro do mundo. E no meu caso, até pelo treino de jornalista, sempre fujo muito de me centrar muito em mim próprio."


    Poemas primeira parte:

    1: Luís de Camões – Sete anos de pastor Jacob servia Labão

    2: Ruy Belo – Algumas proposições sobre pássaros que o poeta remata com uma referência ao coração

    3: Jorge de Sena – Carta a meus filhos sobre os fuzilamentos de Goya

    4: Alberto Caeiro, Poema VIII, O Guardador de Rebanhos

    5: Herberto Helder – Li algures que os gregos, A faca Não Corta o Fogo

    Fri, 25 Oct 2024 - 1h 23min
  • 200 - Mia Couto: "Eu não vejo a poesia como um género literário, acho que a poesia é uma forma de olhar o mundo, é uma sensibilidade, é uma forma de perder fronteira"

    Escritor, poeta, filho de poeta, biólogo, um dos nomes maiores da literatura escrita em português, Mia Couto acaba de lançar o livro A Cegueira do Rio, edição Caminho. Sobre o livro, deixou aos futuros leitores esta mensagem escrita à mão numa livraria de Lisboa: “uma visita ao fim da escrita, esse lugar onde os rios já são fronteira e nos ensinam a sermos pontes para chegar aos outros”, fim de citação.


    Neste podcast conversamos sobre o novo romance, mas também sobre poesia , essa forma de perder fronteira que Mia Couto considera ser necessário recuperar.

    É escritor de romances mas também poeta e é assim que se assume antes de qualquer coisa, "isso não sai de mim de maneira nenhuma".

    Wed, 23 Oct 2024 - 50min
  • 199 - Zeferino Coelho (II):"A poesia teve um papel muitíssimo importante na luta anti-fascista."

    Segunda parte do podcast com Zeferino Coelho, lendário editor português, um dos fundadores da Caminho e editor de José Saramago, sobre quem conversamos longamente.

    A luta anti-fascista é outro dos temas desta segunda parte, assim como a poesia como instrumento de resistência ao regime do Estado Novo. Por exemplo quando um poema de Alexandre O’ Neill dito por Mário Viegas num protesto de estudantes, fez os presentes ficarem no lugar em vez de fugirem à polícia, como queriam inicialmente.


    Poemas segunda parte:

    Ricardo Reis – Para ser grande sê inteiro

    Ricardo Reis – Tirem-me os deuses

    Mário Cesariny – You are welcome to Elsinore

    Miguel Torga – Dies Irae

    Carlos de Oliveira - Acusam-me de mágoa e desalento

    Manuel Bandeira – Vou-me embora para Pasargada


    Livro:

    Ensaio sobre a Cegueira, José Saramago

    Fri, 18 Oct 2024 - 1h 00min
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