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Semanalmente, em média, damos-lhe conta da actualidade desportiva. Destaque para o desporto lusófono, nomeadamente em África, diáspora e a França.

380 - Cabo Verde falha qualificação para CAN 2025
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  • 380 - Cabo Verde falha qualificação para CAN 2025

    Cabo Verde foi eliminado na fase das qualificações do Campeonato Africano das Nações 2025, depois de perder dois jogos, incluindo um em casa, contra o Botswana. O analista desportivo cabo-verdiano, Cardoso da Silva, elogia o desempenho d' Os Tubarões Azuis e aponta um"erro psicológico e táctico" nos jogos frente ao Botswana. Angola já está qualificada para a CAN25. A Guiné-Bissau enfrenta Moçambique esta terça-feira, 19 de Novembro. Apenas uma das duas selecções vai conseguir o apuramento.

    RFI: Cabo Verde foi eliminado depois de ter chegado aos quartos-de-final do Campeonato Africano das Nações de 2023, na Costa do Marfim. O que é que aconteceu?

    Cabo Verde está num bom patamar e não ter ido à CAN é um percalço e obviamente que todos os cabo-verdianos estamos tristes. O futebol tem destas coisas e eu continuo a defender que Cabo Verde só não vai para o CAN porque perdeu com a equipa que, a priori, todos estávamos a contar que era a equipa mais fácil do grupo. Não vou dizer que os jogadores se  mostraram arrogantes e não pensaram no jogo, longe de mim, mas Cabo Verde não podia perder dois jogos, inclusivamente em casa, com o Botswana, que na altura não tinha nenhum ponto. Foram dois jogos seguidos e vem na sequência da parte psicológica: Cabo Verde perdeu em casa e depois contra o Botswana.

    Foi excesso de confiança?

    Eu não acredito que tenha sido excesso de confiança porque os jogadores já têm uma certa experiência, os jogadores já conhecem a CAN, sabem que qualquer jogador quer estar na montra, neste caso concreto do futebol cabo-verdiano porque nós passamos de Cabo Verde para a África e, obviamente, os jogadores ganham um estatuto a nível da própria selecção cabo-verdiana e depois vão para CAN. A partir daí, acredito piamente que todos os jogadores da selecção de Cabo Verde estão tristes porque já não tem hipótese de estar nesta montra do futebol africano, onde existem vários empresários que vão ver os jogadores numa grande competição. A equipa talvez esteja convencida que jogando com o Botswana em casa poderia ser um jogo extremamente fácil. Isto não quer dizer que os jogadores desprezaram o adversário, mas os jogadores deviam ter outra postura contra o Botswana porque quando o adversário marcou o golo - a partir daí, os jogadores saíram à procura de tentar pelo menos empatar e ganhar. Aqui começa a parte psicológica e os jogadores começam a ter aquele nervoso miudinho, começam a ter falta de clarividência e a partir daí as coisas ficaram muito mais difíceis.

    Depois Cabo Verde joga contra o Egipto, que é uma seleção fortíssima durante toda a primeira parte, temos de ser honestos, a equipa do Egipto fez tudo que queria da selecção de Cabo Verde. Na segunda parte, foram feitas alterações do treinador e não critico porque não estou com eles, não estou a treinar com eles, não estou a acompanhá-los, mas de qualquer maneira, aquela equipa que jogou na segunda parte, devia ter jogado a primeira parte porque aqueles jogadores deram outra dinâmica à equipa, marcámos o golo do empate, tentámos tudo para tentar contrariar o favoritismo que a equipa do Egipto trazia para Cabo Verde. Ficou provado que se nós jogássemos a primeira parte, como jogamos a segunda parte, possivelmente o resultado poderia ter sido outro. Nós já sabíamos que o Botswana tinha empatado com a Mauritânia e a partir daí já havia sete pontos para a equipa adversária e nós tínhamos que obrigatoriamente vencer o Egipto e depois tentar vencer a Mauritânia porque nós estávamos em desvantagem em relação ao Botswana, que tinha duas vitórias sobre Cabo Verde. Aí tornou-se ainda muito mais difícil para a selecção cabo-verdiana porque nós já sabíamos o resultado do Botswana - Mauritânia e não nos convinha pelo menos empatar, quanto mais perder, tínhamos que ganhar. Por vezes quando existe obrigatoriedade de vencer um jogo e já sabem que existe a parte psicológica, que às vezes o treinador não controla essa.

    É preciso que a seleção cabo-verdiana trabalhe a parte psicológica. Dizia que os jogadores estão desiludidos, os adeptos decepcionados. O que é que faltou?

    Um estádio com cerca de 15.000 pessoas quase vazio e diminui a capacidade de resposta dos próprios jogadores porque é um desânimo total. Ninguém gosta de jogar numa sala de espetáculos, como é o caso do Estádio Nacional, praticamente vazio, e a partir daí afecta um pouco os jogadores. Ninguém pode fugir disso. A partir daí, o público não tem vindo a acreditar nos últimos tempos. Quanto mais depois da derrota frente a Botswana em casa. A partir daí, quase que houve um divórcio - a hora não era convidativa, porque 15h00 muita gente trabalha - mas eu continuo a defender quando a selecção está a jogar bem, quando a selecção tem o público ao seu lado, o público corre atrás da selecção e isto dá uma sensação que afetou um bocadinho os jogadores. Eles foram sérios, foram honestos, foram profissionais, lutaram muito, principalmente na segunda parte porque nós não podemos fugir: o Egipto foi uma equipa totalmente diferente para melhor em relação a nós. Durante toda a primeira parte trocou a bola muito bem, até aquele estilo carrossel. Havia no lugar certo um jogador do Egipto.Não podemos discutir porque o Egipto tem um estatuto. O Egipto tem uma performance em África, tem outros jogadores, tem outro nível e a partir daí nós temos que respeitar.

    Mas existe um pequeno divórcio entre o público e os jogadores, isso é evidente por uma razão muito simples: Cabo Verde perdeu dois jogos seguidos e ficou mais ou menos na corda bamba para tentar passar para a CAN. Com o empate com o Botswana e Mauritânia, as coisas ficaram muito mais difíceis e muito mais complicadas. Quando nós vamos competir com a máquina de calcular na mão, os jogadores sentem isso porque são humanos e, se a equipa tivesse uma vantagem pontual em relação ao segundo lugar, obviamente que o estado psicológico dos jogadores era totalmente diferente. Não era o caso porque Cabo Verde estava a jogar contra vários factores que não são bons para o próprio futebol. A equipa já sabia que tinha que vencer, a equipa não estava a funcionar psicologicamente durante largos períodos e tecnicamente, fisicamente.

    O divórcio que existe entre o público e os jogadores, o receio de não irmos para o CAN, que é uma prova a que nós estamos habituados a ir e no último ano nós tivemos uma prestação bastante positiva. A partir daí as coisas ficaram muito mais complicadas. Agora não me cabe a mim dizer o que o treinador e equipa técnica vai fazer aos jogadores; que estão afectados psicologicamente, estão, que precisam de um tratamento de choque, precisam, que os jogadores devem recuperar moralmente para encararem outras competições, inclusivamente as eliminatórias do Campeonato do Mundo, têm que fazer isso. Agora, se é difícil, se é fácil, eu não sei dizer, porque eu não trabalho com eles, não treino com eles, não conhece a capacidade física dos jogadores, não conheço a capacidade atlética dos jogadores, não conheço a capacidade mental dos jogadores e, partir daí é a responsabilidade total da equipa técnica.

    Guiné-Bissau e Moçambique têm encontro esta terça-feira. É uma partida crucial para garantir uma vaga no CAN Marrocos 2025. Apenas uma destas duas seleções passa à próxima fase. Angola já está qualificada para a fase final e espera-se que deste encontro, Guiné-Bissau e Moçambique, uma segunda selecção lusófona marque presença na edição do próximo ano da CAN.

    Quer Guiné-Bissau, quer Moçambique fazem parte da CPLP e obviamente, nós temos essa ligação umbilical através da língua e da história. Acho que essas duas equipas têm que dar o seu máximo, têm que fazer de tudo para tentarem colocar como foco principal o CAN. Não sei sinceramente qual delas está melhor, mas eu também tenho que pensar que os treinadores vão trabalhar a parte psicológica porque as duas equipas não podem perder, têm a ganhar por estar na CAN. Porque se nós formos analisar tudo aquilo que nós já dissemos em relação à selecção de Cabo Verde, se reparar a equipa de Angola que eu vi a jogar há dias, dá gosto e dá para ver, mas aquilo é trabalho. Ninguém pode esconder isso. Quando os treinadores trabalham bem, conseguem tirar o máximo dos jogadores, dá gosto e dá prazer ver qualquer adepto do futebol em ver um bom jogo. Eu acredito que os treinadores quer Guiné-Bissau, quer Moçambique, estão a incutir no espírito dos seus jogadores de fazerem o melhor, de darem o melhor porque têm um objectivo único chegar numa grande competição africana.

    O que é que se pode esperar do encontro de amanhã?

    É um jogo de cortar o coração. É um jogo que ninguém pode falhar. As coisas têm que correr tudo bem, tem que haver uma concentração competitiva, quer da Guiné-Bissau, quer de Moçambique, durante os 90 minutos e a compensação. Costumo dizer, os jogadores têm que ser adultos, os jogadores têm que ser experientes, os jogadores têm que pensar no jogo de uma forma bastante positiva, mas que a Guiné quer ganhar, Moçambique quer ganhar, os dois treinadores vão fazer de tudo para tentarem colocar em prática e colocar dentro do campo os argumentos para tentar vencer o adversário e estar na CAN. Mas é um jogo de cortar o coração e ninguém tem dúvidas. São duas boas selecções. Querem estar na CAN e a partir daí as coisas ficam muito mais complicadas para qualquer treinador. A equipa técnica é só na parte psicológica. Quem for mentalmente mais forte, quem for tacticamente mais forte, eu acredito que vencerá o jogo.

    Para se qualificar, a Guiné-Bissau precisa de vencer Moçambique no Estádio Nacional 24 de Setembro, em casa, em Bissau, por uma margem de duas bolas para se apurar para a Taça das Nações Africanas de 2025. Moçambique ocupa a segunda posição do grupo com oito pontos, enquanto a Guiné-Bissau, a terceira com cinco. Um empate é suficiente para garantir a vaga aos Mambas.

    Portugal apurado na fase de grupos da Liga das Nações

    A selecção portuguesa enfrenta esta segunda-feira, 18 de Novembro, a Croácia, no último jogo da fase de grupos da Liga das Nações. No último encontro da quinta jornada, Portugal venceu em casa, no Estádio do Dragão, por 5-1 à Polónia. No final do encontro Bernardo Silva comentou o jogo: 

    Parecem quase dois jogos diferentes, porque a primeira parte foi bastante má. A segunda prte foi muito boa e, portanto, muito felizes pela qualificação, muito felizes pelo primeiro lugar e por esta vitória. Sem dúvida que aquela primeira parte deixou a desejar e temos de fazer melhor, porque em alguns momentos jogando assim podemos ir para o intervalo com outro resultado, que faça com que as coisas sejam mais difíceis de dar a volta, mas estamos satisfeitos, principalmente pela resposta da equipa depois do mau momento. Estamos muito satisfeitos com os três pontos

    Cristiano Ronaldo marcou dois golos, somando um total de 910 golos na carreira.

    "Tudo depende do tempo que ele queira jogar futebol. É uma questão de tempo pela quantidade de golos que ele marca pela nossa selecção e no Al-Nassr, agora, vai sempre fazer golos porque é um jogador que mais jovem ou mais velho, a parte da finalização do trabalho dentro da área ele nunca vai perder, depende da disponibilidade dele, depende se ele quer jogar só mais dois anos, se calhar mais três, mais quatro são mais um, mas já não está nada mal. 910 não está nada mal."

    Ruben Amorim foi para o Manchester United. Bernardo Silva joga no clube rival, o Manchester City, abordou o tema. Falou também de Hugo Viana, director desportivo do Sporting, que no final desta temporada se vai juntar ao City.

    "É um bocadinho diferente porque não vai para o meu lado de Manchester. Fico feliz só pelo facto de termos mais um português a representar o nosso país ao mais alto nível, mas para mim é completamente indiferente, porque eu estou do outro lado e estou a lutar pelos meus objectivos. É muito bom ter uma representação tão forte como nós temos o melhor campeonato do mundo e termos agora mais um treinador e mais um dirigente, esse sim para o meu lado. Na próxima época, Hugo Viana Mais representação de portugueses e, portanto, muito orgulho. Sem dúvida um país que que é tão pequenino mas que é tão grande e ao mesmo tempo tem uma importância tão forte no futebol"

    O tenista italiano Yannick Sinner venceu o primeiro Masters frente ao norte-americano Taylor Swift, pelos parciais de 6/4 e 6/4. Aos 23 anos, o número um do mundo soma o 18.º título, oitavo só na temporada de 2024.

    Mon, 18 Nov 2024
  • 379 - "90% das pessoas que frequentam o programa de aprendizagem de boxe deixam as drogas"

    O programa “Knockout: no tires la toalla”, ou não atires a toalha ao chão, em português, está presente em 10 prisões do México e promove a reinserção social dos reclusos através da prática do desporto. Deste programa já saíram 100 professores de boxe certificados e 90% dos reclusos que o frequentam afirmam ter deixado de usar drogas.

    O México é o 10º país no Mundo com maior número de presos e o quarto em termos de criminalidade e violência generalizada. Um quadro preocupante e que mantém o país nos números cimeiros no que diz respeito à insegurança da sua população, mas que pode ser combatido através da prevenção e da reinserção prisional.

    Desta necessidade de intervenção nos meios mais pobres, como o famigerado bairro de Tepito na Cidade do México, nasceu o programa da associação Red Viral, o “Knockout: no tires la toalla”, ou não atires a toalha ao chão, em português. Este programa tem utilizado o boxe nos últimos 10 anos para motivar os mais e menos jovens para saírem do mundo das drogas e do crime nos bairros mais complicados do México. Eunice Rendon, coordenadora deste projecto, esteve em Paris e falou à RFI de como nasceu a ideia.

    "Trabalhamos em bairros difíceis, com campeões de boxe, e isso é algo muito poderoso. O resultado que obtivemos nessas comunidades, por exemplo, em Tepito, que é um bairro muito conhecido por coisas más, é que vimos que os jovens e as crianças ficaram muito motivados ao serem ensinados por campeões. Desenvolveu-se um sentimento de pertença e também um modelo positivo nestas comunidades, o que é muito difícil. Foi por isso que decidimos trabalhar escolhemos o boxe. Mas após dez anos de trabalho, posso temos provas através de dados estatísticos que o boxe não só é um bom desporto para a saúde mental, para o desenvolvimento físico, para a disciplina, para o trabalho em equipa, como também ajuda muito a sair das adições. O resultado que nos orgulha mais é que 90% dos nossos utilizadores deixam de consumir drogas, mesmo as mais difíceis, como a heroína. E disseram-nos que isso se deve ao facto de o boxe se tornar para eles uma droga. E também porque, enquanto quiserem estar no ringue e serem bons, é um desporto muito difícil. Por isso, se não tiverem em boas condições físicas, se fumarem marijuana e se fizerem outras coisas más para eles, não podem combater",explicou a coordenadora.

    Este programa saltou então dos bairros difíceis do México para as prisões. Actualmente o Knockout existe 10 prisões mexicanas e tocou nos últimos 10 anos cerca de 6.500 pessoas, proporcionando aos reclusos treinos diários e um acompanhamento especializado a nível da saúde mental. Este não foi um programa fácil de introduzir, já que muitos directores de prisões temiam estar a dar aos reclusos ferramentas para aprenderem a lutar.

    "No início, os directores ficaram zangados porque pensavam que lhes íamos mostrar como lutar. Depois, após alguns meses do programa em trabalhávamos mais com as pessoas que estavam quase a serem libertadas e no final das suas penas, foram os próprios directores da prisão a pediram-nos para trabalharmos também com os reclusos mais difíceis e mais problemáticos, porque verificaram que os nossos reclusos estavam muito mais calmos e que estavam a aprender outras capacidades, porque não se trata apenas de boxe, é um modelo abrangente com preocupações emocionais, o que é muito importante. A isto juntamos formações de reconciliação e perdão. Portanto, é muito abrangente",disse Eunice Rendon.

    Os reclusos treinam todos os dias, mas têm também consultas individuais com psicólogos, terapia de grupo ainda encontros em vídeo com a família que os espera cá fora, reconstruindo os laços muitas vezes feridos pela criminalidade que os conduziu à prisão. A participação neste programa leva também a uma mudança física, que faz com que muitos reclusos queiram integrar o projecto, cirando longas listas de espera.

    "Não temos problemas em ter reclusos que queiram integrar o nosso programa, até temos pessoas a mais, por isso, temos uma forma muito específica de selecionar as pessoas que vão participar. É algo muito aspiracional. Isso é bom para nós, eles querem participar no nosso programa porque podem ver os resultados nos seus pares, porque, desde logo, eles mudam fisicamente. No início, têm uns quilos a mais, andam tristes e cabisbaixos. E quando entram no nosso programa, ficam muito em forma, com músculos e tudo. Portanto, mudam fisicamente, mas também mentalmente. E ficam pessoas muito mais calmas, sem ansiedade, sem depressão, porque às vezes eles têm esse tipo de problemas. Muitos dos reclusos com os quais trabalhamos também foram vítimas de violência quando eram crianças ou quando eram jovens. Por isso, são necessários estes modelos abrangentes para aumentar a sua autoestima e também para lhes dar ferramentas para a vida",explicou Rendon.

    Se ter reclusos que queiram participar no programa não é difícil, o mesmo não se pode dizer de trabalhar com as autoridades. As constantes mudanças governamentais fazem com que seja difícil encontrar fundos para este programa que é certificado pelo Conselho Mundial do Boxe, o que levou o Knockout e Eunice Rendon a procurarem ajuda fora do México, nomeadamente através do programa Scale up do Forum da Paz de Paris que a trouxe até à capital francesa.

    "Penso que o mais difícil é trabalhar com os governos, porque já lá estamos há dez anos, o que significa que mudámos de governo pelo menos três ou quatro vezes e, de cada vez, temos de os convencer novamente. Eu costumava trabalhar para o governo, por isso conheço os fundos governamentais, mas, com a orientação que recebemos através do programa do Forum da Paz, mudámos também os nossos alvos e este ano vamos trabalhar com três empresas francesas: AXA, EDF e Yves Rocher. Aqui ensinaram-nos a trabalhar com outros tipos de parceiros, o que é muito útil para nós. E também, por exemplo, hoje estivemos com uma das chefes da Unesco. Ela quer que a ajudemos, porque muitos países da América Latina e de outras regiões do mundo estão a perguntar-lhe sobre programas eficazes para trabalhar com jovens com problemas ou gangues. Por isso, ela estava muito interessada em trabalhar com o nosso modelo",concluiu.

    As solicitações para Knockout não páram de chegar e este programa já foi adoptado em duas prisões da Argentina, tendo recebido solicitações dos Estados Unidos e outros países da América do Sul. Até agora, já saíram 100 professores de boxe formados através deste programa e reconhecidos pelos Conselho Mundial do Boxe. São estes professores que voltam agora às prisões para ensinar aos reclusos as técnicas do boxe, mas também como reintegrar a sociedade longe do crime.

    Fri, 15 Nov 2024
  • 378 - Racismo no desporto é "uma carga negativa de instabilidade" para os atletas

    O racismo no desporto é um reflexo da sociedade, onde o discurso de ódio e incitamento ao racismo no espaço público tem crescido nos últimos anos, mas tem um verdadeiro impacto nos atletas, como afirma o professor catedrático Sidónio Serpa em entrevista à RFI.

    Em Março, o jogador Vinicius Junior chorou numa conferência de imprensa ao falar dos insultos racistas aos quais é sujeito quando sobe aos relvados espanhóis para actuar pelo Real Madrid. Mais recentemente, em França, o ministro do Desporto veio dizer que os jogos vão ser parados sempre que haja insultos racistas ou homofóbicos e que a equipa da casa pode mesmo perder o jogo caso os adeptos adoptem uma postura anti-fair play.

    Para o professor catedrático Sidónio Serpa, especialista na psicologia do Desporto e o primeiro psicólogo a integrar uma equipa olímpica em Portugal, o desporto é um espelho da sociedade e com o discurso de ódio a crescer na política e ampliado nas redes sociais, também o racismo chega aos atletas fora e dentro de campo.

    "O desporto é a expressão da sociedade onde se integra e onde correm os mesmos movimentos e os mesmos tipos de comportamentos, às vezes aumentados, outras vezes filtrados. Mas a base são os movimentos sociais. E é evidente, isto não é segredo para ninguém. que nós encontramos isso todos os dias, que a sociedade ocidental, que é aquela nos situamos, envolve uma agressividade crescente em vários domínios, designadamente no domínio político, onde as discussões não são discussões ideológicas teórica, como era tradicional, mas que se baseiam na oposição, na agressividade, nos insultos. O desporto dá a expressão emoções e emoções positivas e emoções negativas. Mas o desporto é eminentemente emocional. Associado a isto e, portanto, aqui gera-se já uma possibilidade de expressão de emoções e de que podem determinar comportamentos agressivos que sempre existiram, sempre existiram. Não seriam tão divulgados como são agora pela do acesso aos media e às redes sociais, mas também não eram tão ampliados pelas situações de crise não terem as características que têm situações actuais", explicou o académico português.

    Estes fenómenos sociais que se multiplicam em estádios um pouco por todo o Mundo, têm impacto nos atletas, quer seja na sua saúde mental como no seu desempenho desportivo.

    "O impacto no atleta depende do atleta. Depende da sua capacidade de regulação emocional, de gestão, as situações de stress e tensão, da sua resiliência, Mas potencialmente tem uma carga negativa de instabilidade. É verdade que alguns atletas se podem deixar abater, digamos, e, portanto, ser negativamente influenciados por estes insultos. Mas também há outros que reagem da forma contrária, que é perante uma situação agressiva, vão puxar ainda mais energia para, através do seu desempenho maximizado, responderem aos insultos que são dados. Mas há aqui duas questões. Há uma questão ética e moral de respeito pelas pessoas que são os jogadores. E essa questão tem de ser protegida. Esse aspecto tem que ser protegido e tem que haver regulamentos. Os regulamentos existem, mas tem que tem que haver punição para quem não cumpre. E depois, por outro lado, existe o efeito do rendimento desportivo que do meu ponto de vista é secundário, porque em primeiro lugar está a pessoa, mas existe de facto esse efeito no rendimento desportivo", concluiu Sidónio Serpa.

    Mon, 11 Nov 2024
  • 377 - Futebol: Alexsandro e Jubal, defesas brasileiros com sucesso na Liga Francesa

    Este fim-de-semana encerra-se um novo ciclo nas diferentes provas europeias de futebol masculino visto que a partir da próxima semana, os jogadores estarão à disposição das selecções.

    Durante esta semana realizou-se a quarta jornada da fase regular da Liga dos Campeões europeus. Após quatro dos oito jogosa realizar nesta primeira fase, os ingleses do Liverpool lideram com 12 pontos, isto significa que venceram todos os jogos.

    No segundo lugar, uma das surpresas, os portugueses do Sporting CP que contam com dez pontos, bem como os franceses do Mónaco e do Brest, e os italianos do Inter de Milão, ambos com a mesma pontuação.

    Em entrevista à RFI, Alexsandro Ribeiro, defesa brasileiro do Lille, falou da equipa do Sporting Clube de Portugal, visto que o clube francês perdeu na primeira jornada frente aos portugueses por 2-0 em Lisboa.

    Numa altura em que os lisboetas vão perder o treinador Rúben Amorim, que está de saída para o Manchester United, Alexsandro Ribeiro acabou por elogiar os leoninos, mas também lembrou que é normal um técnico agarrar as oportunidades que tem pela frente.

    O treinador português do Sporting, Rúben Amorim, vai ingressar nos ingleses do Manchester United, isto após o jogo para o campeonato português frente ao Sporting de Braga a realizar no domingo 10 de Novembro.

    Continuando a descer na tabela classificativa da fase regular da Liga dos Campeões, encontramos os franceses do Lille no 14° lugar com sete pontos.Para além da derrota frente ao Sporting CP, o Lille venceu o Real Madrid por 1-0, derrotou o Atlético de Madrid por 3-1 e empatou a uma bola frente à Juventus.

    Em entrevista à RFI, Alexsandro Ribeiro, defesa brasileiro do Lille, analisou o empate concedido frente aos transalpinos.

    Alexsandro Ribeiro, defesa de 25 anos do Lille, já representou o Flamengo e o Resende no Brasil, bem como o Praiense, o Amora e o Chaves em Portugal.

    De notar ainda, no que diz respeito aos clubes portugueses e franceses, que o Benfica está na 19ª posição com seis pontos, enquanto o Paris Saint-Germain ocupa o 25° lugarcom quatro pontos em quatro jornadas.

    Passamos ao campeonato francês da primeira divisão,

    Este fim-de-semanadecorre a 11ª jornada numa liga francesa liderada pelo Paris Saint-Germain com 26 pontos em 30 possíveis.

    Nesta jornada, os parisienses deslocam-se ao terreno do Angers e têm a garantia de continuar no primeiro lugar durante a paragem para as selecções visto que o Marselha e o Mónaco, que partilham o segundo lugar, têm 20 pontos, seis de atraso em relação ao clube da capital francesa.

    Nesta liga gaulesa, a RFI foi à descoberta do defesa central brasileiro Jubal, que tinha falado ao nosso microfone na precedente subida do clube do Auxerre à primeira divisão. Após uma passagem pelo segundo escalão, o Auxerre regressou à primeira divisão.

    Actualmente o clube ocupa o décimo lugar com 13 pontos, isto após um triunfo expressivo por 4-0 frente ao Rennes na jornada precedente.

    Em entrevista exclusiva à RFI, Jubal Júnior, de 31 anos, abordou este regresso ao principal escalão do futebol francês, mas antes disso o defesa brasileiro analisou o triunfo perante o Stade Rennais.

    Jubal, central do Auxerre, já representou o Santos no Brasil, bem como o Arouca e o Vitória de Guimarães em Portugal, entre outros clubes.

    Nesta sexta-feira, 08 de Novembro, o Auxerre desloca-se ao terreno do Marselha, segundo classificado.

    Por fim, nas outras modalidades,

    O ATP Masters de ténis, o último grande torneio de ténis masculino da temporada, decorre em Turim, em Itália, a partir deste domingo e junta os oito melhores tenistas na vertente singulares, bem como os oito melhores pares.

    Lígia Anjos dá-nos conta dos desafios desta prova e traz-nos a entrevista exclusiva do tenista brasileiro Marcelo Melo.

    De referir ainda que do lado dos lusófonos, no ranking mundial, o português Nuno Borges está actualmente no 33° lugar, enquanto o brasileiro Thiago Seyboth Wild esta na 74ª posição.

    Chegamos assim ao fim deste Magazine Desporto.

     

    Fri, 08 Nov 2024
  • 376 - Edmilson Araújo: «Agarrei a oportunidade de jogar no Istres e estou muito feliz»

    O Campeonato Francês da primeira divisão de andebol masculino conta com nove jornadas já realizadas antes da paragem internacional onde decorrem várias provas de selecções.

    Neste momento, o Paris Saint-Germain lidera com 18 pontos, isto significa nove vitórias em nove jogos. O Nantes com 16 pontos, bem como o Montpellier e o Toulouse com 14 pontos, tentam seguir o ritmo da equipa parisiense.

    Durante o passado fim-de-semana, houve um duelo entre o Tremblay e o Istres, dois clubes primodivisionários que tentam assegurar a manutenção nesta primeira divisão que conta com 16 equipas e em que as duas últimas descem ao segundo escalão.

    O Tremblay, clube da região parisiense,venceu por 36-34 o Istres, equipa do Sul da França num jogo que decorreu no Palais des Sports da cidade de Tremblay-en-France.

    Seis atletas lusófonos estiveram presentes dentro das quatro linhas: os portugueses Tiago Rocha e António Areia, bem como os brasileiros Uelington da Silva Ferreira e Jean-Pierre Dupoux do lado do Tremblay, enquanto no Istres estavam o cabo-verdiano Edmilson Araújo e o brasileiro Guilherme Borges Moraes Silva.

    A RFI teve a oportunidade de falar com Edmilson Araújo, internacional cabo-verdiano que ingressou este ano no plantel do Istres proveniente do Sporting CP.

    Em declarações exclusivas, o internacional cabo-verdiano realçou o bom percurso do Sporting CP na Liga dos Campeões, onde ocupa o quarto lugar após sete jornadas.

    Mas antes disso, Edmilson Araújo abordou a sua chegada ao campeonato francês, e também analisou a derrota frente ao Tremblay num jogo em que marcou três golos e também foi expulso.

    Edmilson Araújo, internacional cabo-verdiano de 30 anos, vestiu a camisola do Sporting CP durante 17 anos e passou, igualmente, pela equipa romena do Minaur Baia Mare.

    No fim da partida a contar para a décima jornada, o internacional português António Areia, mostrou-se satisfeito com o triunfo do Tremblay, ele que marcou cinco golos. Uma exibição que foi importante segundo o andebolista antes de rumar aos trabalhos da selecção.

    António Areia, andebolista português, já vestiu as camisolas do Belenenses, do SL Benfica e do FC Porto em Portugal, tendo vencido, entre outros títulos, cinco campeonatos de Portugal.

    O Tremblay ocupa actualmente o 12° lugar com sete pontos, enquanto o Istres está na sétima posição com oito pontos na tabela classificativa da liga francesa. Na próxima jornada, entre 14 e 15 de Novembro, o Istres vai receber o Toulouse, enquanto o Tremblay vai deslocar-se ao terreno do Chambéry.

    O Campeonato francês tem uma paragem devido aos compromissos das selecções. Portugal vai iniciar a fase de qualificação para o Europeu 2026 com dois jogos frente à Roménia a 7 de Novembro e perante Israel a 10 deste mês.

    A selecção cabo-verdiana não tem jogos neste momento, mas em Janeiro de 2025 vai participar pela terceira vez no Campeonato do Mundoda modalidade que decorre na Croácia, na Dinamarca e na Noruega.

    Os cabo-verdianos integram o Grupo G com Eslovénia, Islândia e Cuba.

    Ao microfone da RFI, Edmilson Araújo, internacional cabo-verdiano que actua no Istres em França, revelou-nos quais são os objectivos para a prova e o que representa vestir a camisola de Cabo Verde nestes eventos internacionais.

    De referir que três selecções lusófonas estarão presentes no Mundial:Cabo Verde, Brasil e Portugal.

    Chegamos assim ao fim deste Magazine Desporto.

    Mon, 04 Nov 2024
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